Desde sempre a cultura e a criatividade são usadas como fator para alavancar a economia.
O cinema de Charlie Chaplin foi o marco inicial da internacionalização da cultura. Tanto que o cineasta relutou a aderir ao cinema sonorizado porque seus filmes eram exibidos em todo o mundo e dublar os filmes em cada língua inviabilizava a produção.
Os tempos passaram e os Beatles provaram aos mercados que a indústria cultural poderia ser internacional.
O conceito de produção cultural e criativa não é novo, mas nos últimos anos, vem surgindo um novo conceito de Economia: a Criativa. O governo britânico publicou um estudo com o mapeamento de atividades do que chamava de Indústria Cultural em 1998, o Creative Industries – Mapping Document 1998, que listava 13 diferentes setores, que organizados, poderiam produzir trabalho e renda de maneira sistemática.
A partir de uma maior organização, a Economia Criativa reúne as várias atividades da Indústria Cultural. O conceito é semelhante aos Arranjos Produtivos, que reúne segmentos de vários setores. O que define a Economia Criativa é o potencial de geração de valor a partir da criação de propriedade intelectual.
Hoje, a Economia Criativa reúne os setores básicos:
Mídias
Editorial: edição de livros, revistas e conteúdos digitais.
Audiovisual: conteúdo, distribuição programação e transmissão em geral.
Redes Sociais: conteúdo e planejamento de mídia.
Consumo
Design: especialidade gráfica, multimídia e produtos.
Arquitetura: projeto de edificações, paisagens e ambientes, além do planejamento e conservação.
Moda: desenho de peças de vestuário e modelistas.
Publicidade: atividades de publicidade, marketing, pesquisa de mercado e organização de eventos.
Cultura
Patrimônio e Artes: serviços culturais, museologia, produção cultural, patrimônios históricos.
Música: gravação, edição, mixagem de som, criação e interpretação musical.
Artes Cênicas: atuação, produção e direção de espetáculos teatrais e de dança.
Expressões Culturais: artesanato, folclore, gastronomia, festivais.
Tecnologia
Pesquisa & Desenvolvimento: desenvolvimento experimental em geral, exceto áreas biológicas.
Biotecnologia: bioengenharia, pesquisas e atividades laboratoriais.
Tecnologias da Informação e Comunicação: softwares, sistemas, consultoria em TI e robótica.
Quando se pensa em economia a partir da criatividade, a primeira cidade que nos vem à cabeça é Hollywood. Mas foi Berlim o primeiro município que organizou uma política pública para alavancar o segmento. Hoje, a Economia Criativa responde por mais de 20% do PIB da cidade.
Um outro exemplo que nos é bastante próximo, é Lisboa. A cidade passou por uma grande depressão econômica, mas os governos socialistas que administram a cidade resolveram, em vez de cortar o financiamento da cultura, investir os parcos recursos para promover a criatividade, principalmente as artes, o design e o setor editorial. Uma grande alavanca foi a incubadora Startup Lisboa. Hoje Lisboa é a sexta cidade mais visitada do mundo.
A gente deve olhar também para Buenos Aires, que tem um turismo muito forte e uma produção cinematográfica invejável.
Devemos olhar com muito carinho para a nossa produção artística e organizar políticas públicas que consigam aumentar nosso PIB, a partir da Economia Criativa.
As capitais nordestinas e suas maiores cidades particularmente possuem uma produção cultural ímpar, com potencial de gerar empregabilidade, renda e movimentar a economia. É preciso implantar políticas públicas que garantam financiamento e possibilitem a produção continuada.