Existe sim, porém não pense que você está desconectado das informações, pois a mesma só foi inaugurada há poucos dias. Mas nos causa surpresa. Primeiro por ser uma fazenda urbana, algo muito raro em se tratando de uma grande cidade, mais ainda quando a mesma é uma capital de estado como no caso é Curitiba. E, segundo lugar, tendo o foco na agricultura orgânica e totalmente livre do uso de agrotóxicos, se contrapondo, felizmente, a política nacional adotada pelo ministério da agricultura que, desde o início do desgoverno Bolsonaro, tem aumentado assustadoramente a liberação de seu uso na agricultura.
Inaugurada no dia 24 de junho na cidade de Curitiba no Paraná, a Fazenda Urbana é um espaço único no Brasil contando com um investimento de 3 milhões de reais, num espaço de mais de 4000m2, no bairro Cajuru, tem estufas, hortas comunitárias, uma cozinha escola, jardins de mel (as abelhas são nativas e não possuem ferrão), central de compostagem, espaços com acessibilidade, tudo isto com capacidade para receber em torno de 150 pessoas por dia pós pandemia, quando estará com suas portas abertas para receber o público.
Vários projetos de agricultura orgânica serão responsáveis por produzir frutas, legumes, verduras, ervas, temperos e chás, tudo com o intuito de incentivar o cultivo de alimentos e alimentação saudável, buscando assim um amplo debate sobre dois temas fundamentais: obesidade e desperdício de alimentos, principalmente quando estamos numa pandemia, em que a quantidade de obesos e pessoas que estão com sobrepeso aumenta a cada dia, seja pelo sedentarismo ou pela alimentação inadequada com ênfase no consumo de alimentos processados, bem como a crise econômica que tem sido responsável pelo aumento de pessoas com vulnerabilidade econômica e social.
A escolha por Curitiba além de representar uma condição estrutural favorável, pois possui um cinturão verde com 24 mil agricultores em 29 municípios da região metropolitana, segundo dados da Prefeitura da cidade, foi decorrente de uma decisão política em valorizar a segurança alimentar de qualidade. O impacto desta decisão será sentido em pouco tempo, principalmente quando sairmos do isolamento social e a população aprender a ter hortas mesmo em espaços pequenos, crianças e jovens participarem de cursos e os produtores locais possam comercializar seus alimentos orgânicos direto ao público final.
Nesse sentido, lá existe uma preocupação com a sustentabilidade: a energia gerada para o seu funcionamento é produzida a partir de fontes eólica e solar, a captação e o reaproveitamento da água das chuvas são feitas no local e seu modelo ensinado através de cursos disponíveis. Uma iniciativa como esta deve ser seguida na minha opinião em outras cidades, pois valoriza o consumo de alimentos de forma consciente e sustentável.