Muito se fala e escreve sobre a origem do Covid – 19, parece lugar comum que a China foi o País onde se teve a origem. Porém não se conseguiu ainda descobrir o paciente original, muito menos a resposta a grande pergunta: Foi criado em laboratório ou surgido na natureza?
Qualquer pessoa que pretenda entender por que os vírus estão se tornando mais perigosos deve investigar o modelo industrial da agricultura e, mais especificamente, a produção pecuária. Atualmente, poucos governos e poucos cientistas estão preparados para fazê-lo.
O novo Coronavírus está mantendo o mundo em estado de choque. Mas, segundo Rob Wallace, autor de Big Farms Make Big Flu: Dispatches on Influenza, Agribusiness, and the Nature of Science, numa tradução grosseira seria Grandes Fazendas Produzem Grandes Gripes: Expedições sobre influenza, agronegócio e natureza da ciência. “em vez de combater as causas estruturais da pandemia, o governo está se concentrando em medidas de emergência”.
Vamos seguir na visão de que o vírus tenha surgido de causas naturais e não criado em laboratório, teoria plausível tanto quanto a outra, assim devemos pensar que o uso indiscriminado dos recursos naturais, a não preservação de nossa fauna e flora, a poluição, o desmatamento das florestas e principalmente das últimas florestas primárias, para o agronegócio contribuem e muito para um total colapso da natureza e isto tem um preço, que muitas vezes é cobrado através dos desastres ambientais, podendo levar assim ao surgimento de doenças.
Acredito que o agronegócio na sua produção de alimentos depende de práticas que colocam em risco a vida humana e do meio ambiente, quiçá ajudando a desencadear novas doenças. Este modelo de agronegócio que tem como objetivo controlar o mercado de alimentos e inviabilizar a agricultura familiar não pode ser mais adotado no pós-pandemia.
Precisamos de iniciativas que fortaleçam Programas de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar, aqui no Brasil conhecido como PAA e que este ano tem lamentavelmente previsão orçamentária de R$ 186 milhões e ainda com R$ 66 milhões contingenciados pelo Ministério da Economia.
Mais de 300 movimentos e organizações sociais do campo e da cidade apresentaram ao Governo Federal uma proposta de aporte emergencial de R$ 1 bilhão para o PAA, com a mobilização de 150 mil famílias de agricultores e com a aquisição de 250 mil toneladas de alimentos, nos próximos três meses. Penso que iniciativas como estas sejam o caminho, espero apenas que o Governo Federal entenda o momento e a necessidade deste pedido, pois só assim poderemos ter um caminho para a busca da tão sonhada reintegração da produção de alimentos às necessidades das comunidades rurais com práticas agroecológicas que protejam o meio ambiente e os agricultores à medida que cultivam nossos alimentos.