Campina Grande adentra na década de 1960 como a maior e mais importante cidade da Paraíba e uma das referências na região Nordeste. A cidade era a maior arrecadadora de impostos no Estado, em razão do seu pujante comércio, da prestação de serviços e da sua estrutura universitária, bancária e industrial. Não é à toa que a cidade é a única não capital a sediar a Federação das Indústrias.
Do ponto de vista administrativo, a cidade teve na Administração do prefeito Williams Arruda um exemplo ainda insuperado. Ao assumir o comando municipal ele adotou práticas verdadeiramente republicanas. Um exemplo de suas ações nesse campo foi o combate ao nepotismo.
Durante sua gestão o mesmo não permitiu que nenhum parente seu assumisse cargo na Prefeitura, esse é um princípio que vemos ser violado em todas as administrações.
Além de republicano foi um prefeito desenvolvimentista. No seu governo foram criadas as bases para o desenvolvimento urbano e industrial da cidade. É da sua administração a criação da CELB – Companhia de Eletricidade da Borborema, privatizada pelo grupo do atual prefeito de nossa cidade, a Telingra empresa de telefonia de nossa cidade e o Distrito Industrial. No campo social, trouxe investimentos para a construção do conjunto Sandra Cavalcanti, no bairro do Catolé e, no seu segundo ano de gestão, construiu 24 novas escolas na cidade.
Outra característica dessa administração, que admiro, se deu no campo dos cuidados com o erário. Ao final do seu mandato publicou uma nota em jornal com o seguinte texto “Prefeitura Municipal de Campina Grande, Administração Williams Arruda, A Secretaria da Fazenda da Prefeitura Municipal de Campina Grande, considerando que estamos no fim de nossa administração, e que há, ainda, alguns credores de administrações anteriores, com créditos pendentes, convida os mesmos a comparecerem à tesouraria da Prefeitura, a partir de 1°. de dezembro vindouro, a fim de receberem o valor de seus créditos. A convocação é dirigida a credores de administrações anteriores visto que da atual não há nenhuma conta a pagar. Campina Grande 18 de novembro de 1968, Arlindo Almeida, Secretário da Fazenda”.
É bom lembrar que seus sucessores, em algumas gestões e situações, não apenas não saldaram os débitos com fornecedores como, alguns, chegaram a atrasar salários de servidores.
Esse resgate histórico de quem considero o melhor prefeito de Campina Grande está sendo exposto em razão de minha admiração e concordância com sua forma de administrar. Obviamente, que precisamos atualizar as ações para não cometermos anacronismos e não ficarmos olhando e admirando o passado, inertes no presente e sem projetos futuros. A cidade precisa acordar dessa letargia.
No entanto, a história tem a função, também, de nos orientar no intuito de evitarmos erros anteriores e selecionarmos acertos para novas experiências. Destarte, nesse momento de reflexão acerca do futuro da nossa cidade, quero partir dessa experiência exitosa para propor o resgate de alguns acertos dessa administração e do seu administrador, tais como a questão do republicanismo, do zelo com os bens públicos pautado no controle fiscal e financeiro e da preocupação com o bem estar dos moradores e acrescentar outras propostas mais atuais e exequíveis objetivando o bom desenvolvimento da nossa cidade a partir de 2021.
A seguir apresento as propostas e submeto-as as avaliações de vossas senhorias na perspectiva da construção coletiva de um projeto mais amplo e inclusivo:
1 – Recuperar a Feira Central de Campina Grande e seus mercados públicos, no geral os espaços de nossas feiras precisam urgentemente de uma reforma em suas estruturas físicas, contemplando medidas de segurança, cuidados com a higiene e saúde pública, mobilidade, acessibilidade, medidas de prevenção ao Covid-19, box e banheiros com condições perfeitas tanto para os trabalhadores como para os clientes.
2 – Criar um projeto cultural que envolva o poder público e a iniciativa privada, promover o resgate do nosso Festival de Inverno e das quadrilhas juninas nas escolas, incentivar os Festivais de Teatro, Música e Artes nas Escolas.
3 – Criar o Empreender CG, para que assim possa atender aos empreendedores locais interessados em adquirir crédito do programa.
4 – Criar o Plano Operativo (PO), um instrumento para acompanhar as metas prioritárias da gestão municipal.
5 – Qualificar as Contas e Gastos Públicos com investimento em diversas áreas, considerando os indicadores que avaliam o desempenho nas áreas de equilíbrio financeiro, investimentos e despesas.
6 – Construir equipamentos público que ofereçam cursos profissionalizantes, atividades desportivas, culturais e de lazer, a adolescentes e jovens da Cidade.
7 – Implantar a Gestão Compartilhada para fazer o acompanhamento da execução de obras, contratação de serviços e aquisições de materiais e equipamentos, por grupo de cidadãos, organizados em aplicativos agregadores, disponíveis na internet ou na telefonia celular.
8 – Criar o Plano Integrado de Segurança inicialmente com a reestruturação da Guarda Municipal e focado em vários eixos temáticos na busca de interligar estudos e ações das diversas secretarias municipais aos órgãos de segurança pública do estado.
9 – Investir em programas de saúde preventiva nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), com atenção especial para programas, como Médico da Família e a criação do Centro de Especialidades Médicas, abrangendo diversas áreas técnicas.
10 – Ampliar o número de creches e oferta de educação integral, com o conceito de aluno integral caso a pandemia prossiga, ou seja, equipar as famílias para que os alunos continuem estudando em período complementar, mas em atividade remota.
Estas são algumas de nossas propostas, voltaremos ainda sobre o tema, aguardo a contribuição de vocês através dos comentários nesta matéria.
Por Fábio Maia (pré-candidato a prefeito de Campina Grande e diretor da Fundação João Mangabeira)