Tem momentos que as músicas nos remetem ao passado. Principalmente quando os personagens que nos marcaram já não fazem parte material de nossa vida. Hoje, decidi escutar as reminiscências de um pen drive silenciado pelo tempo. Em uma das faixas, encontro a música Tudo Outra Vez, de Belchior, que prontamente comecei a escutar e, imediatamente, me inundou de memórias.
E aí, como não me redescobrir sentindo a emoção de estar na casa de amigos de infância como Flávio e Fernando (ceifados num acidente estúpido). Éramos uma tríade que foi separada pela vida, mas jamais pela memória e muito menos pelo coração, escutando o som do LP de Belchior na radiola, sim radiola, naquela época era como chamávamos o toca LPs, da casa dos Pais de Flávio na rua Vidal de Negreiros (rua até hoje presente ao meu cotidiano e indissociável da minha vida) no Centro de Campina Grande (lugar de muitas páginas de minha História). Quantos sonhos juvenis foram sepultados na passagem de ambos e quantas memórias a me perfurar constantemente como um espinho de uma rosa que apesar de trazer um perfume formidável me tortura com uma dor incessante.
Como tem sido comum a várias pessoas que tem procurado se ocupar em casa com tarefas domésticas, comigo não é diferente. Arrumar as gavetas, armários e estantes têm sido tarefas que procuro fazer, termino assim invariavelmente encontrando relíquias como o pen drive que citei acima, onde além de Belchior encontrei também músicas de Marinês, a Rainha do Forró, e Genival Lacerda, o Senador do Rojão, e com isto não tem como neste período não lembrar do Maior São do Mundo.
Tenho uma relação intrínseca com o Parque do Povo, seja porque fui criado também no centro da cidade, na casa de minhas tias, especificamente na rua Solon de Lucena, adjacente a Pirâmide, palco central do templo do Forró em Campina, ou porque também além de ter colocado Barraca durante os 30 dias de festa, penso que se a memória não me falha, dancei mais forró do que trabalhei, fui um dos coordenadores da festa em dois anos.
Do quarto da casa de minha tia, lembro como se fosse hoje, escutava a música do Parque do Povo… bons tempos! Andar por aquelas ruas, encontrar os amigos nas barracas, mesmo sem marcar, porque já sabíamos que nos encontraríamos (não tínhamos celular na época), “assinarmos o ponto” no Parque do Povo nos 30 dias, sem direito a falta, assistir shows do puro forró, saborear caldos, arrumadinho, queijo assado, até as comidas típicas… aconselho a quem comer pamonha não tomar guaraná, tive uma azia infernal com isso! São lembranças muito presentes, quando penso nesta época em outrora.
Diante do que estamos vivendo, as lembranças podem ser um bom estimulante para seguirmos nossa jornada. Não devemos deixar de acreditar que isto passará e que a maior lição destes tempos aprendida por todes seja sermos mais humanos e solidários.
show… ficou legal
Que legal!
Boas lembranças.