Um dos setores mais afetados pela disseminação do novo
coronavírus é a Educação. Segundo dados recentes da Unesco
(Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura),
cerca de 850 milhões de crianças, jovens e adultos em todo o
mundo estão sofrendo os impactos da pandemia na área. A
suspensão temporária e ainda por tempo indefinido das aulas têm
levado pais, professores e especialistas a discutir as alternativas
para evitar a perda do ano letivo. Uma delas é a generalização do
Ensino a Distância (EaD), tido por alguns como a grande panaceia
do ensino do futuro e por críticos como uma plataforma
complementar, mas insuficiente.
O problema apontado por muitos especialistas é que se o EaD e as
plataformas digitais podem suprir razoavelmente as lacunas na
maioria dos cursos do ensino superior – nem todos, no entanto –,
isso não acontece com a educação infantil e o ensino fundamental,
nos quais os alunos desses níveis de ensino necessitam de
acompanhamento constante, pois não estão em processo inicial de
formação escolar, pessoal e social. Isso sem mencionar o fato de
que a exclusão digital impediria que parte considerável desses
estudantes desfrutasse de tal alternativa.
Essa situação trazida pelo novo coronavírus é inédita, pelo menos
para essa geração. Mas revela, mais uma vez, como o Brasil está
despreparado para enfrentar desafios inesperados como este,
especialmente na Educação. Como se já não tivéssemos um
déficit grande nessa área, apesar das conquistas das últimas
décadas, especialmente entre 2003-2016.
É um desafio, portanto, que requer ousadia. Precisamos, quem
sabe, estudar a fundo a experiência de outros países em situações
similares para saber como eles encontraram alternativas. A título
de exercício, poderíamos nos indagar como países como a Grã-
Bretanha, Alemanha e Japão mantiveram seus sistemas de ensino
durante a Segunda Guerra Mundial, quando suas principais cidades sofreram pesados e constantes bombardeios durante ao
menos três anos seguidos. E como, mais recentemente, os países
asiáticos equacionaram a questão educacional durante epidemias
N1H1 e SARs?
A única certeza é que as fórmulas fáceis e mercadológicas de
muitos “educadores de mercado” comprometidos com interesses
mercantis na Educação não oferecem respostas satisfatórias.
Parece-me portanto que a ideia das aulas remotas ou virtuais com
a participação dos alunos via chat das plataformas utilizadas pode
ser uma saída, porém para tal se tornar factível, eficiente e ter
resultados significativos no processo ensino-aprendizagem é
necessário se resolver um problema básico quando discutimos
este tema, o acesso à internet e os equipamentos para assistirem as
aulas, sejam notebooks, tablets ou smartfones para todes os
discentes. Os Governos Estaduais e Municipais são
imprescindíveis para garantir estas condições básicas e não só a
disponibilidade das aulas remotas.